
Há vários equívocos embutidos na idéia de que iniciando-se o ensino fundamental aos seis anos não deve haver reprovação na 1ª série. O primeiro deles e o mais grave é o da perda da infância ao iniciar um ano mais cedo a escolaridade fundamental. Nele estão incluídos vários outros equívocos, tais como de que aprender não é brincar, de que aprender é chato e de que até os sete anos não se aprende. Aprende-se desde que se nasce, porque a gente te que aprender tudo, até a ter fome, ter sede e ter sono, quanto mais falar ou calcular. Aprender não é chato. Dá enormes prazeres ao ser humano.
Segundo Esther Pilar Grossi (doutora em psicologia da Inteligência pela Universidade de Paris), "Aprender a ler e a escrever é mais que um orgasmo. Descobrir a magia das letras para formar palavras é um jogo muitíssimo divertido. Mas, sobretudo, ciseguir transpor para o papel pensamentos e sentimentos é de gostosura ímpar, pis escrever participa do pensar e pensar é ótimo."
Um segundo conjunto de equívocos é o de que todos os alunos de seis anos não têm condições de aprender a ler e a escrever um texto simples em um ano letivo e de que a gente continua se alfabetizando pelo menos no ano seguinte. Alfabetizar-se é um campo conceitual bem definido e se completa de forma bem determinada. Aprender a ler e escrever é um processo longo e talvez interminável.
Finalmente, assinalemos um equívoco de que, se um aluno não consegue se alfabetizar na 1ª série, ele não deve ser traumatizado com uma reprovação. Se ele não se alfabetizou durante o ano letivo da 1ª série, ele já vem s traumatizando ao longo dos 200 dias letivos e não o será somente quando receber o parecer avaliativo.
Mas o pior de tudo é consagrar a idéia de que há alunos de classes populares que são menos capazes que os alunos de classes média e alta, uma vez que estes se alfabetizam com seis anos. E com isso se consagra uma criminosa injustiça, de não confiar na inteligências destes pequenos e de não apostar que todos podem aprender.